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domingo, 19 de agosto de 2012

O Amanhecer das Princesas na Cachoeira do Jaguar - I






Capítulo I 


Salve Deus!
                   Meu filho Jaguar:

                   De todos os males, o mais triste que deixamos em nossas passagens é a cicatriz de nosso mau comportamento. Quando estamos na Terra vivemos seguros no orgulho, principalmente no egoísmo.
                   Muitas vezes sentimos necessidade de chorar, de sorrir, de amar; ou melhor, pensamos em ser amados, mas nunca desejamos amar incondicionalmente para melhor atrairmos ao nosso favor... Não! Pelo contrário, exigimos de alguém o que nos convém, sem querermos oferecer nada em troca.
                   Salve Deus meu filho! Vamos sentir a vida das Princesas e melhorar o nosso comportamento a respeito do Amor.
                   Sim, as crioulas Princesas em 1700 no Brasil Colônia, anunciavam o seu tempo de evolução nas senzalas, a dor no destino cármico de um povo em desenvolvimento.
                   Então, tudo começou a vibrar quando os dois Grandes Missionários, Pai Zé Pedro e Pai João, resolveram agir no campo vibracional de nossa missão, com este imenso Amor ouvindo e sentindo o céu, nos poderes de Vô Agripino, que emitia aos mesmos toda a Luz do Santo Evangelho.
                   Aos 14 anos Pai Zé Pedro e Pai João, que regulavam em idade, vieram no mais triste quadro em um navio negreiro para o Brasil. Eram duas personalidades com idéias transcendentais traçadas do céu...
                   Então estes dois Espíritos levaram em frente a sua obra; se prepararam nos Planos Espirituais e vieram para a Terra cumprir a sua missão, que seria em nossa última orientação a nova estrada do Jaguar na Linha do Amanhecer.
                   Vendidos por navios negreiros no Brasil, por Deus se encontraram pela força do seu compromisso no sul da Bahia, onde a forte e verdadeira mensagem os impulsionava. Então, juntos desenvolveram as suas Faculdades Mediúnicas. O Senhor de Pai Zé Pedro era um homem muito bondoso, que ouvia o Grande Africano e amava as suas palavras, chegando a se converter e comprou também Pai João, deixando-os fazer na senzala o que lhes aprouvesse.
                   E tudo começou assim:
                   - Eram seis fazendas reunidas, onde Jurema e Juremá as gêmeas, eram muito queridas por toda aquela redondeza. Sua graça e beleza demonstravam “Herança Transcendental” de Altezas. “SIM, O HOMEM NÃO SE PERDE, SE REENCONTRA”. Então, a grandeza dos Missionários se fazia projetar por toda aquela região. Toda redondeza se juntava ali em busca da caridade. Ninguém entendia porque naquela Era tão crua de senhores tão arrogantes, pudessem eles admitir tanta liberdade. Pai João pregava a Doutrina do Amor, aliviando o chicote dos senhores. Pai Zé Pedro tocava os tambores para alertar o seu povo em outras fazendas vizinhas de Iracema, Jandaia, Janara e Iramar, contando também com Janaína, pequena Sinhazinha que muito amava os Nagôs, segundo se falava naquela Era. Eram jovens com apenas 18 anos, que sofriam as incompreensões de suas Sinhazinhas, as perseguições e seduções dos seus sinhozinhos. Era uma desdita naquele tempo o que sofriam essas Escravas Missionárias, porém, na senzala de Pai Zé Pedro tudo ia muito bem, vinha gente de longe e as curas se realizavam com tanto Amor, a ponto de se propagar o Africanismo com a sua presença.
Era o dia de Jurema e Juremá, a Lua surgia no céu prateada, os tambores ressoavam. Jurema em pé na soleira da sua Senzala vibrava cheia de Amor, esperando Juremá e sua mãe. De repente um crioulo que também fazia parte do Corpo Mediúnico, disse tremendo de dor: - Oh Jurema tua mãe não irá conosco. Amamentou a filha da Sinhazinha com febre e a febre passou para a nenezinha. – Cadê mamãe? – Tua mãe Jurema, está no tronco. – Oh! Coitadinha. Oh! Meu Deus! Gritou Jurema e segurando no portal da Senzala sentiu o seu Espírito se transportar seguindo até as ruínas de Pompéia. Jurema em sua visão se sentiu uma rica Princesa entre sedas e jóias. A sua irmã e também todos aqueles crioulos da Senzala, a negra que hoje era sua mãe, ridicularizavam uma jovem escrava, hoje a Sinhazinha da Senzala. Jurema compadecida da jovem que até então era uma visão, se esqueceu da tragédia que na realidade estava acontecendo. Não! Ela não via a sua mãe no tronco que era a realidade. Via somente a jovem escrava arrastada e ridicularizada, onde todos vaiavam chegando mesmo a machuca-la, e em meio desta alucinação começou a gritar: - Juremá, volte minha mãe! Saiu então decidida para o Congá. Chegando contou tudo o que se passava a Pai João e ele lhe explicou:
                   - Filha não chore, não se desespere! Eu, você, sua mãe e todos os seus irmãos vivíamos na mais rica vida em Pompéia. Eu era Procurador, Zé Pedro era Imperador e todo esse povão estava lá. Só Deus sabe minha Jurema os desatinos, as tragédias que provocamos naquele Império. Fizemos a mais terrível escravidão. Hoje filha querida, Deus nos deu esta oportunidade de pagar todo este mal. Esta pequena Sinhazinha é o Espírito da jovem escrava de Pompéia.
                   - Então Pai João, como tudo terminou? Pai João colocando a mão em sua cabeça disse:
                   - Dorme filha, dorme Jurema. Deitada com a cabeça no colo de Pai João, adormeceu dizendo baixinho: - Oh meu Fidalgo Centurião, como pode me abandonar neste caminho tão espinhoso! Onde vives que eu não posso te alcançar? Sim meu Fidalgo, continue acariciando os meus cabelos que ficaram tão longos... Nisto um grito e ela se levantou decidida – Não voltarei para minha Senzala, vou-me embora daqui! Com muito custo Jurema conseguiu se acalmar. Os tambores recomeçaram, mas Jurema pensativa não saiu do seu lugar. Pai Zé Pedro iniciou os Trabalhos e veio se sentar perto dela e de Pai João. Jurema segurou em suas pernas, depois apoiou novamente sua cabeça na perna de Pai João que ali não sentia com coragem de se levantar. – Jurema minha filha (disse Pai Zé Pedro) – Choras pela tua mãe? – Não Pai, choro porque vi e perdi o meu amor AGRIPA, o meu amor. Eu o vi acariciar meus cabelos e passando a mão na cabeça meio sem graça disse: - Oh! Paizinho Nagô, é tudo tão diferente... – Sim filha, se acalme! Eu vou lhe mostrar onde e como se encontraram. – Não Pai, não quero! Se ele for aquele crioulo feio do Japuacy, não quero! – Ele não está aqui como vocês estão, todos nós estamos, e ele não pode, não admito que seja feio como nós. Os dois deram uma risada. Meio preocupado disse então Pai João:
                   - Veja no que dá a Clarividência de uma pobre jovem. Ela voltou a dormir. Pai Zé Pedro e Pai João vibravam preocupados. O que fazer? Leva-la para a Cachoeira do Jaguar? Deus Todo Poderoso, só Ele poderá traçar este destino... E ali ficaram esperando a jovem despertar, para decidir o seu destino que tanto se agravara.
                   Sim meu filho Jaguar, na próxima semana Jurema já estará despertada, então saberemos do destino feliz desta tribo e com cuidado, vamos nos encontrar como personagens desta história, que até então é um pequeno roteiro.

                   A Mãe em Cristo,
Tia Neiva.

                   Vale do Amanhecer, 08 de dezembro de 1979.


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