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domingo, 30 de setembro de 2012

O Amanhecer das Princesas na Cachoeira do Jaguar - VII



Capítulo VII



                   Salve Deus!
                   Meu filho:

                   Vamos voltar à Cachoeira do Jaguar. Vamos mais uma vez sentir a realização daquele Povo, os nossos antepassados.
                   É filhos, quem diria que aquela filosofia de Pai João e Pai Zé Pedro partisse daqueles Nagôs? Sim filhos, é preciso que conheçam a vida fora da matéria, sabendo que vivemos na Terra a experiência de que somos testados pelos nossos amores, e pesados pelos nossos corações.
                   Vivemos neste Globo Terrestre onde analisamos a um ovo; a vida atmosférica que não nos dá a mínima condição de viver sem dispensar as normas reais da vida. E assim, como ocorre na Terra, muito mais é no espaço, onde o poder do Pensamento Criador é incomparavelmente maior.
                   Depois de atravessar uma pequena clareira, vamos encontrar os nossos queridos Pai Zé Pedro e Pai João no verdadeiro caminho que nos une à Eternidade.
                   Tudo era movimento, no dia que Pai João e Pai Zé Pedro foram chamados para o Sono Cultural.
                   Salve Deus!
                   Pai João e Pai Zé Pedro se preparavam para o anfiteatro. Suas cabeças não haviam despertado daquele triste crepúsculo na Terra, na Cachoeira do Jaguar. Sentados em frente de uma grande tela, que nos Planos Espirituais do Canal Vermelho é como um cinema; aparece tudo que queremos saber de nossa vida na Terra. Pai João e Pai Zé Pedro viam com paixão tudo que lhes era tão caro; aqui e ali os dois comentavam:
                   - Todos, todos estavam ali conosco.
                   - Sim! (dizia um ao outro) Viam tudo...
                   Nisso ouviu-se um soluço, era Efigênia que soluçava por não poder mais voltar a Terra, pois o seu crânio ainda merecia cuidado.
                   Nisto ouviram também alguém que chegava:
                   - Oh! Quantas saudades... falaram muito, tudo o que se passou, como se tivessem perdidos de vista. Depois Pai João perguntou:
                   - Por quê Efigênia não pode voltar a Terra?
                   - João (falava Vô Agripino): As forças biogênicas são transmutações das Forças Cósmicas. A função da matéria é organizada pelo sistema do Corpo Etérico. O corpo é sempre um e o mesmo tem sua origem na matéria orgânica, metamorfose da Matéria Cósmica. As funções são muitas e várias. Têm sua origem nos fenômenos vitais, que é criado pela matéria inorgânica que forma o corpo bruto, inerte, sem atividade própria. Efigênia naturalmente não está preparada para tanto. Ouviu-se um estrondo... O quadro se modificou.
                   Vô Agripino sorrindo disse: - Vou lhes dar uma rica surpresa.
                   - Ah! Lá estão todos que irão voltar...
                   - Onde estamos? (perguntou Pai Zé Pedro).
                   - Na Mansão dos Jaguares – E quem você está procurando Zé Pedro?
                   - Eufrásio!
                   - Ah! Sim, (disse Pai João) Eufrásio ainda não chegou.
                   Perguntaram quanto tempo já se encontravam ali. Cinco anos e no entanto estavam todos ali. Sim, pensava Pai Zé Pedro: No Universo não há inércia. O movimento é incessante. A atividade é essencialmente produtora e as forças não param. Se ficarmos parados ela se vai e ficamos sós. Sim, repetia ele, o homem é portanto o Microcosmo, matéria e força, corpo e funções; o corpo físico não gera a vida ou a força promotora dos movimentos, mas absorve-os. O organismo é um reservatório universal, é assim o instrumento da vida, aparelho que varia do infinito, aos pesados contatos da Terra que alimentam as células vegetais...
                   Sim, a experiência foi muito brusca, muito fatal. Pai João e Pai Zé Pedro não sabiam, nem mais nem menos o que estavam fazendo. Levados pelos arrolhos dos tumultos, arrastavam em suas mentes aquele crepúsculo final. Sim. Perguntavam-se sempre: Porquê uma dor tão grande? Verdade! Lembravam-se na Cachoeira... Os dois presos, soterrados da cintura para baixo, sem poder socorrer os demais, até que outra avalanche os levasse para o fim.
                   Sim, pensavam, ficamos presos por castigo de Deus? Perguntavam sempre. Ficamos presos por reparação... castigo?... Eram as dúvidas e os conflitos daqueles dois. Porque suas cabeças não sabiam analisar, os dois presos para assistir toda a catástrofe. Sua revolta já estava levando-os a descambar para “Ponta Negra”.
                   Verdade, amamos na Terra e no entanto sofremos tanto! – Cadê o Vô Agripino? – Ficou com as crioulas e os Nagôs? – Porquê saímos de perto deles?
                   Porque nossas mentes têm que se encontrar por si mesmas e não vê Zé Pedro, aquele bendito arrolho nos jogou para aqui sem que nós sentíssemos?
                   Nisto ouviram um grito que penetrava diretamente em seus ouvidos: - Tibério, eu sou e serei o teu Cônsul fiel, tenho prisioneiros: Marcus Cláudio e Vinícius os teus traidores. Os dois homens soterrados naquele imenso pântano. Saiam chispas de fogo pelos olhos. Pai João e Pai Zé Pedro se olhavam sem nada poder dizer. Porém, o homem continuava sua obra. – Marcus Vinícius, o traidor!
                   - Sim, diziam os nossos queridos, não temos dúvidas, o quadro era idêntico, somente o ódio daquela gente era o oposto da Cachoeira do Jaguar.
                   Quando se deram conta de si, estavam na Indumentária de Tibério (Pai João) e Marcus Vinícius (Pai Zé Pedro). Os Espíritos do triste comício agora gritavam com mais intensidade, foi na deposição de Gália, lembrou-se Pai João.
                   - Oh! Meu Deus, porque estamos aqui?
                   - É a misericórdia de Deus. Sim, não acreditamos nem mesmo em Vô Agripino, e olhando para suas novas vestimentas, Pai Zé Pedro gritou: Fujamos daqui antes de sermos vistos nestas Indumentárias! Vamos daqui! Nisto ouviu-se um assovio e um grupo de Cavaleiros surgiu, se espalhando por todo aquele pântano, ficando somente um Luminoso, que se aproximou dos nossos queridos e num tom de crítica prestou homenagem aos dois, que ainda vestiam as Indumentárias. Pai João e Pai Zé Pedro sentindo a maior humilhação disseram:
                   - Viemos recentemente da Terra.
                   - Estou vendo, porém nem tão recente. Sei que sofreram muito nesta jornada a ponto de perderem a sua Individualidade. Esqueceram-se do Amor de Deus, cumpriram com Amor e Dignidade a Missão na Terra; no entanto aqui, depois de cinco anos, estão para cair apenas por não terem encontrado a razão do seu crepúsculo. Egoísmo, o egoísmo poderá arrastar tão grandes e nobres Missionários?
                   - Porque estamos assim? (perguntou Pai João) Vestidos assim?
                   - A falta de segurança e de Amor a Deus.
                   - Nos culpamos por ter ficado presos, vendo toda a tragédia sem poder nos movimentar, vendo todos perecerem. Tememos que fosse uma reparação e no entanto não sabemos onde ficou o erro.
                   - Pelo que sei Vovô Agripino os orientava dando-lhes lindas lições.
                   Nisto gritou Zé Pedro: João, João Nagô! Tire depressa de sua mente esta roupagem. Os dois começaram a rir e abraçados, tudo se modificou. Agora olhavam para o Vale Negro. Lá embaixo tudo já estava diferente, os Centuriões já os haviam levado em suas Redes Magnéticas.
                   - Oh! Meu Deus! Como nos martirizamos. – Sim Zé Pedro, talvez queríamos ser recebidos com festa.
                   Pai Zé Pedro e Pai João sentaram-se na primeira Pracinha e tristes começaram suas queixas: - O que será de nós? Temos que receber uma Missão e ficar juntos outra vez.
                   Sim meus filhos, agora eles se recordavam mesmo de tudo...
                   Quando estavam falando chegaram as sete Crioulas e tudo foi festa. Jurema já parecia uma Princesa.
                   - Onde andavam meus queridos irmãos? Sabemos que estavam juntos, dizia com graça, daqui onde estamos avistamos tudo, até mesmo “Ponta Negra” e o “Vale Negro”.
                   Quando Jurema terminou, Pai Zé Pedro disse baixinho: - Te viram na encarnação do Imperador Tibério César.
                   - E você Marcus Vinícius.
                   - Sim (disse Jurema) Salve Deus! É natural que façamos estas reparações. É difícil entender, estivemos ali e tudo foi como se Deus nos quisesse testar.
                   - Sim, já entendemos tudo, Tibério enterrava os seus prisioneiros até a cintura e deixava que os bichos os comessem ainda vivos, no entanto não nos deixou vivos por muito tempo.
                   Nisto uma pequena luz aparecia ao longe.
                   - Olha! Disse Jurema. Olha Zé Pedro! Jerônimo soube que os senhores estão aqui e vem lhes ver.
                   Pai João e Pai Zé Pedro se olharam, sim, como Jerônimo?...
                   - Oh! Zé Pedro e João! Disse Jerônimo todo feliz. Vim buscar os senhores para a nova Mansão dos Jaguares.
                   - Jerônimo, meu Jerônimo, como pode tanta compreensão?
                   - Sim, disse Jerônimo, tenho a cabeça e o coração bem menores que o dos senhores, por conseguinte, a missão foi menor também.
                   - É verdade, tudo vem de um Plano de Deus. Sim! Remataram...
                   Ouviu-se um estrondo, eles já estavam perto da Mansão dos Jaguares. Jerônimo mostrava tudo por onde passavam. Sim, Jerônimo já estava ali há sete anos e sempre foi um Espírito conformado. Por último, vendo a admiração de Pai João e Pai Zé Pedro, disse: - Sabe meus queridos Mestres, tenho tudo que me ensinaram na minha cabeça, só Deus poderá lhes pagar.
                   - A nossa Doutrina não chegou para nós: Vê que já estávamos descambando para “Ponta Negra”.
                   Nisto ouviram vozes: Eram Antera, Zefa, Lívia, Emerenciana, Maria Conga, Sabina e Cambina, e junto os Nagôs, só faltava Eufrásio. Foram abraços e comentários como se estivessem chegando de uma grande viagem.
                   Pai João se ligou a Antera e quando viram já estavam com uma nova roupagem.
                   - Por Deus não te reconheceria, se tu também não estivesse junto com os outros.
                   Todos entraram e os dois foram para uma Pracinha recordar as suas façanhas na Terra. Foi um tempo bonito, todos se conheceram em casais, saíam e com saudades esperavam o Amor de Deus.
                   Já era hora da prece... “do Canto Universal”. Saíram dali e foram ao “Campo de Morsas” vibrar para os que ainda estavam na Terra.
                   - Como? Perguntou Pai João.
                   - Sim, no “Campo de Morsas” vibram os que ainda têm os seus familiares na Terra.
                   - Tens alguém, Zé Pedro?
                   Este surpreso respondeu – Tenho... tenho o meu Sinhozinho e minha Sinhazinha.
                   - E eu (disse Janaína), vou devolver-lhes as rezas que fizeram pensando que eu estivesse morta.
                   - Onde estão os teus familiares Janaína? Perguntou Jerônimo.
                   - Na Europa, respondeu.
                   - Se é na Europa, é logo ali...
                   Todos sorriram, vendo a verdadeira família.
                   Nisto o jovem Tomáz, que se vestia como um belo Fidalgo Grego, foi se juntar a Janaína.
                   - Tomáz! Gritou Pai João meio ressabiado. Tomáz, meu querido Tomáz! Como sofremos por tua partida.
                   - Sim, pelo que sei, e partiremos em breve.
                   - Oh! Meu Deus! Disse Jurema que estava ao lado de Japuacy, também na roupagem de cidadão romano.
                   Verdade, até parece conto de fadas; todos com seus amores chegaram ao grande e luminoso “Campo de Morsas”. Todos estavam em suas afirmações sentindo aquela força em perfume que exala dos Mundos Espirituais de Deus. As energias iam e vinham como laços de fitas. Pai João e Pai Zé Pedro sorriam e choravam, vendo aquela maravilha que jamais pensaram existir. Risos e luzes. De repente começou o sermão. A Voz Direta que também era maravilhoso.
                   - Salve Deus! Quem está falando? Quem fala em nós como se nos conhecesse?
                   - São as Vozes dos Ministros que nos preparam para voltar a Terra.
                   - Como poderemos partir com todos os nossos amores?
                   - Sim meu filho, como será a despedida dos nossos queridos? Veremos no próximo capítulo.

                   Com carinho.

                   A Mãe em Cristo...
Tia Neiva

                   Obs: Sempre solicitada em muitas sintonias, a Clarividente não prosseguiu com a história. Salve Deus!

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